Andar pelas ruas de Coqueiros, bairro de Florianópolis, está virando uma aventura para todos. Buracos, falta de sinalização, calçadas em desníveis e outros tantos problemas que enfrentamos no nosso dia a dia. Os riscos de tropeçarmos e cairmos é constante, de calçada em calçada, na maioria da extensão das avenidas principais. Agora, imaginem o risco que os idosos, as pessoas que levam bebês em seus carrinhos e os deficientes visuais e físicos encontram.
Conversamos com Mery Rangel, e ela nos contou sobre as dificuldades que encontra em trafegar com sua cadeira de rodas, e os principais problemas que enfrenta nas ruas e calçadas de Coqueiros.

As maiores dificuldades
Viva Coqueiros! Quais são as maiores dificuldades que você encontra ao trafegar com a cadeira de rodas nas calçadas de Coqueiros?
Mery Rangel: O problema é que não existem calçadas para cadeirantes, idosos e carrinhos de bebês. Não existem calçadas para podermos andar tranquilos e com segurança. Com isso, tenho que trafegar no asfalto, junto aos carros, correndo todos os tipos de riscos. Muitas vezes, motoristas de ônibus e de carros fazem sinais com as mãos, dizendo que meu lugar é na calçada. Eu fico indignada porque eu adoraria dizer a eles para sentarem na cadeira e tentarem andar nas calçadas: se conseguirem, eu nunca mais saio das calçadas!
Viva Coqueiros! Você tem que planejar a rota que irá fazer para evitar calçadas e ruas que são difíceis para se trafegar com cadeira de rodas?
Mery Rangel: Com toda a certeza, tenho minhas rotas para poder andar pelo meu bairro.
Viva Coqueiros! As pessoas do bairro prestam ajuda quando necessário?
Mery Rangel: Sim, sempre que preciso aparece uma boa alma para me ajudar.

Os maiores riscos
Viva Coqueiros! Quais são os maiores riscos que corre?
Mery Rangel: O maior risco é ter que dividir o asfalto com carros, ônibus, motos e bicicletas. E quando teimo em andar em alguma calçada que tem buracos, rachaduras, etc. Sempre que faço isso, acabo quebrando ou estragando algo na minha cadeira, e para arrumar é um verdadeiro tormento porque as peças são caras e eu nunca tenho condições de comprar.
Viva Coqueiros! O que precisa ser modificado para que você consiga trafegar sem riscos?
Mery Rangel: Calçadas sem nenhum tipo de problemas e rampa em cada começo de calçada. As poucas que tem estão totalmente detonadas. A rampa que some na calçada do outro lado da Mercearia Vó Marcília – esses dias teimei em tentar subir por ali, a cadeira quase tombou para o lado direito, bem no asfalto. Minha sorte é que tem uma placa, e eu me agarrei e consegui sair daquela situação. Meu coração quase saiu pela boca. Depois disso, nunca mais, agora ando só no asfalto.
Mery Rangel: Outro problema que enfrento é na rua onde moro, Professor Bayer Filho. Em quase todas as ruas de Coqueiros foi realizado o tal “tapete preto”, na gestão do Dario Berger. Só a minha rua é que não asfaltaram. É toda de lajota, e o que tem de buraco, desnível e lajotas fora do lugar, não é fácil. E para complicar um pouco mais a minha situação, eu tenho que percorrer toda a sua extensão, pois moro na última casa da rua.
Pessoal, não fosse o alto astral da Mery, os problemas seriam mais difíceis de serem enfrentados. Nosso encontro com ela mostrou que, mesmo com as dificuldades que enfrenta e a busca por uma melhor qualidade de vida, há sempre um sorriso, e a simpatia em suas palavras e ações.
Viva Coqueiros! Por inteiro.
Florianópolis, Santa Catarina.
Lembro da Mery toda vez que tento atravessar a rua em frente ao supermercado Imperatriz ou em frente a academia Fit pois quando chego na metade do percurso já mudou o sinal. Sinaleira de bairro deveria priorizar o pedestre e não os veículos. Se fosse dessa forma os motoristas não cortariam caminho pela Max de Souza fugindo do transito da via expressa e seria muito melhor para a comunidade.